
A XP Investimentos divulgou nesta sexta-feira (5) seu relatório macroeconômico, mantendo suas principais projeções para o crescimento da economia brasileira nos próximos dois anos. Segundo os analistas, a atividade econômica perdeu fôlego, mas deve avançar de forma moderada em 2025 e 2026, enquanto o ambiente global se mostra mais positivo para países emergentes. Ainda assim, riscos fiscais e políticos no Brasil seguem como fatores de instabilidade.
“O crescimento desacelerou, mas segue firme nos Estados Unidos e na China”, destaca o documento. A XP também observa que a inflação internacional não apresenta sinais de repasse relevante das tarifas comerciais, e que os preços das commodities permanecem praticamente estáveis.
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Impacto do Federal Reserve nos emergentes
O relatório aponta como destaque a expectativa de cortes na taxa de juros dos EUA. A XP projeta que o Federal Reserve deverá reduzir os juros em ritmo mais intenso do que o mercado antecipava. Até recentemente, estimava-se a possibilidade de até dois cortes em 2025, mas, com evidências de um mercado de trabalho mais fraco e discurso cauteloso do presidente do Fed, Jerome Powell, analistas agora antecipam pelo menos dois cortes adicionais, com novas reduções possíveis em 2026. A medida tende a favorecer economias emergentes, incluindo o Brasil.
PIB e inflação doméstica
No cenário interno, a XP mantém a projeção de crescimento do PIB em 2,2% para 2025 e 1,7% para 2026. O mercado de trabalho deve seguir aquecido, com aumento de renda, enquanto estímulos fiscais devem compensar parcialmente os efeitos da política monetária restritiva.
Quanto à inflação, dados recentes apontam alívio em alguns setores. “As leituras do IPCA mostraram deflação em alimentação e certa estabilidade nos bens industrializados. O enfraquecimento do dólar, safras robustas e clima favorável explicam o movimento”, afirma o relatório. Em contrapartida, a inflação de serviços, principalmente os intensivos em mão de obra, voltou a subir em agosto, refletindo superaquecimento no mercado de trabalho e expectativas ainda desancoradas.
Assim, a XP manteve as projeções para o IPCA em 4,8% em 2025 e 4,5% em 2026, prevendo que os preços de bens sigam controlados, enquanto combustíveis e serviços permanecem incertos.
Política fiscal e monetária
O relatório destaca que o governo deve cumprir a meta de resultado primário neste ano, mas pressões sobre despesas podem exigir bloqueios adicionais. Para 2026, o cumprimento da meta é considerado possível, embora os riscos sobre a expansão dos gastos sejam maiores.
Na política monetária, a expectativa é de manutenção da Selic no curto prazo. “O cenário para a inflação melhorou, mas ainda é cedo para discutir cortes de juros. O BC deve manter a taxa inalterada por período prolongado”, aponta a XP, que projeta cortes graduais a partir de janeiro de 2026, com a Selic atingindo 12% até o final do ciclo.
Fonte: Infomoney