O Escritório do Controlador da Moeda (OCC), órgão regulador do sistema bancário nos Estados Unidos, autorizou oficialmente os bancos nacionais e associações federais de poupança a oferecerem serviços de custódia e negociação de criptomoedas. A medida, descrita na Carta Interpretativa 1184, representa um marco na integração entre o sistema financeiro tradicional e o mercado cripto.
A decisão segue a revogação recente de uma proibição imposta pelo Federal Reserve (FED), que até então impedia bancos de atuarem diretamente com ativos digitais como Bitcoin, Ethereum e stablecoins.
📜 O que diz a Carta Interpretativa 1184?
A nova orientação do OCC:
- Autoriza bancos federais a comprar e vender criptomoedas seguindo ordens de seus clientes;
- Permite a terceirização de serviços relacionados a criptoativos, como custódia digital, execução de ordens e gestão de carteiras;
- Exige que todas as operações sigam rigorosos protocolos de gestão de risco e conformidade com leis bancárias federais;
- Complementa regulamentações anteriores, como as Cartas Interpretativas 1170 (sobre custódia de ativos digitais) e 1183 (sobre stablecoins e blockchains).
🛡️ Segurança e responsabilidade
O OCC enfatizou que os bancos devem operar com transparência, solidez financeira e proteção aos consumidores. Isso visa reduzir os riscos sistêmicos e garantir que a integração do setor bancário com o universo cripto aconteça de maneira ordenada.
A supervisão inclui:
- Auditorias regulares sobre ativos sob custódia;
- Análise de riscos cibernéticos e de liquidez;
- Garantia de reserva total para stablecoins, quando aplicável.
💥 Impactos no mercado
A entrada de bancos regulados pelo governo dos EUA no setor cripto deve:
- Aumentar a confiança dos investidores institucionais, que preferem ambientes regulamentados;
- Reduzir a dependência de exchanges centralizadas e não regulamentadas, muitas das quais operam em jurisdições frágeis;
- Facilitar a adoção em massa, permitindo que correntistas de grandes bancos comprem criptomoedas com a mesma facilidade com que contratam um seguro ou crédito pessoal;
- Impulsionar o uso de stablecoins, já que bancos poderão lastrear e distribuir tokens atrelados ao dólar com maior segurança legal.
🏦 Reações do setor bancário
Muitos bancos aguardavam há anos por uma liberação formal para operar com ativos digitais. O CEO do Bank of America já havia manifestado interesse público no mercado cripto, mas condicionou a entrada da instituição a uma autorização regulatória clara — o que agora se concretizou.
O movimento também é reflexo de uma pressão crescente de grandes empresários e políticos, como Eric Trump, que chegou a afirmar que bancos que não se adaptarem ao mundo cripto “estarão fadados à falência”.
Leia mais: Engie Brasil prepara bolada em dividendos para o seus acionistas
💰 Um mercado trilionário
A liberação acontece num momento em que o mercado de criptomoedas ultrapassa a marca de US$ 2,5 trilhões em capitalização e movimenta mais de US$ 100 trilhões em transações anuais. Agora, com bancos tradicionais entrando no jogo, esse número pode crescer ainda mais.
O número de americanos com conta bancária supera os 250 milhões. Se apenas uma fração deles tiver acesso facilitado a criptoativos, o impacto no setor será gigantesco.
📈 E agora?
A tendência é que grandes bancos passem a montar divisões inteiras voltadas a criptoativos, com produtos como:
- Contas com saldo em stablecoins;
- Fundos de investimento em cripto;
- Emissão e custódia de NFTs institucionais;
- Cartões e empréstimos colateralizados com criptoativos;
- Infraestrutura blockchain integrada com sistemas bancários.
✅ Conclusão
A decisão do OCC representa uma virada histórica na relação entre bancos e criptomoedas. Ao oficializar que instituições financeiras podem operar nesse mercado, o governo americano valida os ativos digitais como parte do sistema financeiro legítimo, abrindo espaço para uma nova era de inovação bancária.
Mais do que uma liberação, trata-se de um reposicionamento estratégico dos EUA no cenário global, colocando suas instituições à frente no debate sobre moeda digital, tecnologia financeira e soberania monetária em um mundo cada vez mais descentralizado.