
As stablecoins (moedas digitais estáveis) são um dos elos mais promissores entre o mercado financeiro tradicional e o universo das criptomoedas.
E, no Brasil, o destaque recente é a BRL1, criada por um consórcio que reúne algumas das maiores exchanges do país, como Foxbit, Bitso e Mercado Bitcoin, sob a coordenação técnica da Cainvest.
A proposta é ousada: transformar o real brasileiro em uma moeda digital estável, que possa circular dentro e fora do Brasil — inclusive permitindo que investidores estrangeiros tenham acesso, de forma indireta, ao rendimento da taxa Selic.
Por que criar uma stablecoin brasileira?
Antes da BRL1, havia tentativas de stablecoins locais, como a MBRL (do Mercado Bitcoin).
Mas, por estarem ligadas a uma única exchange, acabavam enfrentando desconfiança de outras empresas do setor.
A BRL1 nasceu para ser neutra: foi construída por um consórcio de exchanges, garantindo que não pertence a apenas uma empresa — o que aumenta a confiança no mercado.
Leia mais: O que é IPO e por que ele importa para investidores e empresas?
Diferença entre BRL1 e Drex
Alguns podem pensar que a BRL1 disputa espaço com o Drex, a moeda digital oficial do Banco Central.
Mas, segundo Charles Aboulafia, CEO da Cainvest, os projetos são complementares:
- Drex: digitaliza o real dentro do sistema financeiro nacional.
- BRL1: leva o real para fora, para circular no mundo cripto, inclusive em exchanges internacionais.
Além disso, a BRL1 já nasceu integrada ao Pix, que ajuda a equilibrar as transações entre diferentes exchanges.
Como funciona a BRL1?
A BRL1 é lastreada (tem valor garantido) em títulos públicos brasileiros, o que garante estabilidade.
Hoje, ela é usada principalmente para liquidez entre exchanges (ou seja, movimentar dinheiro de forma rápida e segura entre plataformas).
Mas o plano é mais ambicioso: no futuro, a BRL1 poderá ser usada para:
- Tokenizar ativos (como CDBs, hipotecas e outros títulos privados);
- Viabilizar operações sofisticadas, antes acessíveis só a bancos ou fundos;
- Permitir que estrangeiros façam operações atreladas à Selic, ganhando com a taxa de juros brasileira.
Do Brasil para o mundo
No Brasil, a BRL1 já opera nas principais exchanges.
Agora, a missão é expandir para o mercado internacional: o consórcio criou um comitê para convidar 20 parceiros estratégicos fora do país.
Para essa etapa, foi contratado Thomaz Teixeira como novo CEO, com a missão de escalar globalmente o projeto.
O grande diferencial: confiança
No fim das contas, o que define o sucesso de uma stablecoin é a confiança.
E, segundo os criadores da BRL1, ela veio justamente por ter sido construída em conjunto pelas grandes exchanges e contar com uma governança sólida e tecnologia de ponta.
Ou seja, mais do que só uma moeda digital, a BRL1 quer se tornar a infraestrutura que vai levar o real brasileiro ao mundo cripto — democratizando investimentos e tornando o mercado brasileiro mais global.
Fonte: Blocktrends