Fabricante chinesa aproveita suspensão de tarifas para elétricos e amplia presença no mercado latino, com expectativa de importar até 7.800 veículos em 2025
A BYD anunciou nesta quarta-feira (8) o início oficial das vendas de carros elétricos na Argentina, marcando mais um passo estratégico na expansão da marca pela América do Sul. A empresa pretende se beneficiar da isenção temporária de tarifas de importação para veículos elétricos e híbridos, medida implementada pelo governo argentino, que deve impulsionar o setor automotivo verde no país.
Três modelos disponíveis por menos de US$16 mil
Os primeiros veículos da montadora chinesa a desembarcarem no mercado argentino serão o SUV elétrico Yuan Pro, o SUV híbrido plug-in Song Pro e o compacto Dolphin Mini — todos com preço abaixo de US$16.000 na origem (sem impostos e taxas). O objetivo é aproveitar o novo programa do governo que permite importar até 50 mil veículos elétricos e híbridos sem tarifas até 2026.
Essa política busca acelerar a transição energética e colocar a Argentina no radar das montadoras globais que investem em eletrificação.
China domina o mercado elétrico na América do Sul
As marcas chinesas já dominam o segmento de carros elétricos na América do Sul, com destaque para BYD e Chery, que têm expandido agressivamente suas operações na região. A entrada da BYD na Argentina reforça a tendência de liderança asiática no setor de mobilidade elétrica, especialmente após o sucesso de vendas no Brasil e no Chile.
O governo argentino estima que cerca de 40 mil veículos elétricos e híbridos sejam importados até o fim de janeiro, um número recorde para o país.
7.800 veículos com alocação garantida
Segundo Stephen Deng, gerente nacional da BYD na Argentina, a empresa recebeu autorização para importar cerca de 7.800 carros sob a nova política. Ele afirma que o país representa uma oportunidade estratégica:
“A Argentina está pronta para acelerar a eletrificação. A redução temporária das tarifas abre espaço para oferecer tecnologia avançada a preços acessíveis”, disse Deng.
Desafios cambiais e alta demanda
Apesar do otimismo, o mercado argentino ainda enfrenta grandes desafios cambiais, que historicamente dificultam a importação de veículos. Durante anos, a diferença entre taxas oficiais e paralelas limitou o acesso a carros elétricos, levando consumidores a preferirem modelos a combustão produzidos localmente.
De acordo com o analista automotivo Felipe Munoz, da JATO Dynamics, apenas 486 veículos elétricos foram vendidos no país entre janeiro e agosto de 2025, de um total de 421 mil unidades comercializadas.
Mercado automotivo argentino vive retomada
Apesar das dificuldades, o mercado automotivo argentino mostra sinais de recuperação. Nos primeiros nove meses de 2025, o setor cresceu 60,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior, impulsionado por reduções de tarifas e melhores condições de crédito.
O presidente da Associação de Concessionárias Automotivas da Argentina (ACARA), Sebastian Beato, afirmou que o momento ainda exige cautela:
“Em meio a todos esses altos e baixos, continuamos vendendo em um ritmo mais do que aceitável”, disse, destacando as oscilações cambiais e o ambiente político instável.
Expansão regional e futuro da BYD
A BYD vem intensificando sua presença na América Latina, especialmente após o sucesso no Brasil, onde lidera o mercado de carros elétricos e híbridos com modelos como o Dolphin e o Seal. A empresa também planeja abrir fábricas na região, visando reduzir custos de importação e fortalecer sua cadeia de fornecimento local.
Com a entrada no mercado argentino, a BYD consolida sua posição como principal marca de eletrificação automotiva da América do Sul, desafiando montadoras tradicionais e acelerando a transição para uma mobilidade mais sustentável.
Fonte: CNN Brasil
