Pequim reforça plano de cinco anos com foco em manufatura avançada e menor dependência dos EUA
A elite do Partido Comunista da China (PCC) prometeu nesta quinta-feira (23) construir um sistema industrial moderno e acelerar a autossuficiência tecnológica, reforçando sua estratégia para enfrentar a rivalidade crescente com os Estados Unidos.
O comunicado, divulgado pela agência estatal Xinhua após uma reunião de quatro dias do Comitê Central, destaca que a manufatura avançada será a espinha dorsal do novo modelo econômico chinês, ao lado de metas para fortalecer o mercado interno e melhorar o bem-estar da população.
Foco em tecnologia e indústria de ponta
O plano faz parte das diretrizes do próximo plano quinquenal da China, que será detalhado em março de 2026. Entre as prioridades estão:
- Desenvolver um sistema industrial moderno;
- Aumentar a autossuficiência científica e tecnológica;
- Expandir a demanda doméstica;
- Reforçar o sistema de seguridade social.
Apesar das menções ao consumo, analistas observam que o foco de Pequim ainda está voltado ao lado da oferta, com estímulo à produção, investimento e inovação tecnológica — e menos ênfase nas famílias e no consumo interno.
“O pensamento ainda está se concentrando no lado da oferta”, disse Tianchen Xu, economista da Economist Intelligence Unit. “As autoridades podem ampliar o seguro médico e as pensões rurais, mas ainda não está claro como farão isso.”
Desaceleração econômica e desafios internos
A economia chinesa cresceu no ritmo mais fraco em um ano no terceiro trimestre, com o investimento recuando pela primeira vez desde a pandemia. A demanda doméstica fraca mantém o país dependente das exportações, especialmente de manufaturados, o que aumenta a vulnerabilidade diante das tarifas impostas pelos EUA.
O governo prometeu “investir nas pessoas”, mas sem detalhes sobre financiamento ou cronograma para medidas sociais. Especialistas alertam que a falta de clareza sobre os recursos pode limitar o alcance das reformas prometidas.
Atualmente, o consumo das famílias representa cerca de 20 pontos percentuais a menos do PIB em relação à média global — um desequilíbrio que Pequim tenta corrigir há anos.
Vantagem estratégica e guerra comercial com os EUA
Apesar das fragilidades domésticas, a China mantém vantagem global em setores-chave. O país detém quase monopólio na produção de terras raras, insumo essencial para as indústrias de defesa e semicondutores, e é líder mundial em carros elétricos, painéis solares e turbinas eólicas.
Essas conquistas reforçam a confiança de Pequim diante das ameaças de novas tarifas pelo governo de Donald Trump, e fortalecem sua posição em futuras negociações comerciais com Washington.
A estratégia de Xi Jinping aposta em “novas forças produtivas” — inteligência artificial, biotecnologia, robótica e energia verde — para garantir o futuro econômico e tecnológico da China.
Fonte: CNN Brasil
Leia mais: China zera importações de soja dos EUA em setembro e aumenta compras do Brasil e da Argentina
