
Em 2024, a Red Bull atingiu uma marca impressionante: mais de 12 bilhões de latas vendidas em um único ano. Isso significa que, em média, foi consumida pelo menos uma lata por cada habitante do planeta.
Mas a verdade é que a Red Bull vai muito além de ser apenas uma fabricante de energéticos.
Além da bebida, a Red Bull é dona de duas equipes de Fórmula 1, cinco clubes de futebol, um time de hóquei no gelo, eventos próprios como o Crashed Ice e o Wings for Life Run e ainda patrocina milhares de atletas ao redor do mundo. Sem falar no seu braço gigantesco de produção de conteúdo.
Mas afinal… isso é só marketing? Ou existe uma estratégia de negócios muito mais sofisticada por trás?
Hoje vamos conectar os pontos e entender como a Red Bull realmente faz dinheiro.
Capítulo 1 – Um empresário, uma viagem e uma ideia que parecia loucura
Tudo começou nos anos 80, com o austríaco Dietrich Mateschitz.
Durante uma viagem de negócios à Tailândia, em 1982, sofrendo com jet lag, ele descobriu uma bebida local chamada Krating Daeng. A tradução literal: “Touro Vermelho”.
Ele percebeu o efeito energético da bebida e viu uma oportunidade: adaptar a fórmula e criar uma nova categoria de produto na Europa: a dos energéticos.
A ideia parecia insana. O conceito de bebida energética era praticamente inexistente fora da Ásia. Quase todos os investidores deram risada.
Mas Mateschitz tinha uma visão: “Se o mercado ainda não existe, vamos criá-lo.”
Colocou meio milhão de dólares do próprio bolso, se uniu ao dono da fábrica tailandesa e lançou oficialmente a Red Bull na Áustria em 1987.
Capítulo 2 – Exclusividade, polêmica e desejo: a receita inesperada
Logo de cara, a Red Bull enfrentou um problema: o governo da Alemanha proibiu a venda da bebida por questões regulatórias de saúde.
Mas o que parecia um obstáculo virou um diferencial de marketing.
A Red Bull virou um produto “proibido”, aumentando ainda mais o desejo entre os jovens alemães. Muitos atravessavam a fronteira só para comprar algumas latas.
Resultado: mais de 1 milhão de latas vendidas só no primeiro ano.
Lição de negócio: Exclusividade e polêmica geram desejo.
Capítulo 3 – Expansão global: um passo de cada vez
Depois da Áustria, a expansão foi rápida: Alemanha, Hungria, Reino Unido e, finalmente, os Estados Unidos em 1997.
Enquanto Coca-Cola e Pepsi subestimavam a ameaça, a Red Bull tomou uma decisão estratégica: terceirizar toda a produção e logística, focando apenas em marca, marketing e distribuição.
Isso reduziu custos fixos e deu uma agilidade absurda à operação.
Segunda lição de negócio: Foco naquilo que você faz melhor.
Capítulo 4 – Margens brutais: quando a marca vale mais que o produto
Produzir uma lata de Red Bull custa, em média, 9 centavos de dólar.
Mas o consumidor final paga até 4 dólares por lata em alguns países.
A margem de lucro? Mais de 20 vezes o custo de produção.
Por que as pessoas aceitam pagar tão caro?
Simples: a marca vende mais que um líquido… vende um estilo de vida.
Terceira lição: Uma marca forte justifica um preço alto.
Capítulo 5 – O segredo: ir até o público antes de vender
A Red Bull entendeu desde cedo: não adianta esperar o consumidor vir até você.
Por isso, criaram o conceito dos Student Brand Managers: estudantes populares contratados para organizar festas, distribuir amostras grátis e inserir a Red Bull na vida dos jovens.
Quem não lembra também dos famosos carros da Red Bull com uma lata gigante em cima, estacionados em praias, eventos e academias?
Quarta lição: Encontre o público no habitat natural dele.
Capítulo 6 – De patrocinadora a dona dos eventos
Ao invés de apenas patrocinar, a Red Bull passou a criar seus próprios eventos e equipes.
Hoje a empresa é dona de dois times de Fórmula 1, incluindo a supervitoriosa Red Bull Racing, além de clubes como o RB Leipzig (Alemanha), Red Bull Salzburg (Áustria), New York Red Bulls (EUA) e Red Bull Bragantino (Brasil).
O maior exemplo dessa estratégia?
O icônico salto estratosférico de Felix Baumgartner, em 2012.
A Red Bull gastou US$ 50 milhões na missão.
O retorno em mídia foi avaliado em mais de US$ 6 bilhões.
Quinta lição: Não conte só histórias. Crie histórias.
Capítulo 7 – Diversificação e o futuro da Red Bull
Mesmo com todo esse império, mais de 95% da receita da Red Bull ainda vem da venda do energético.
Mas a empresa sabe que isso pode mudar.
Por isso está apostando pesado em:
Conteúdo esportivo
Licenciamento
Produção de documentários
Venda de atletas
E até possíveis novas linhas de bebidas e alimentos no futuro
Um bom exemplo é o uso do Red Bull Bragantino como laboratório de talentos, exportando jogadores para clubes da marca na Europa.
Capítulo 8 – Os números por trás da marca
Mais de 12 bilhões de latas vendidas em 2024
Presente em mais de 170 países
Faturamento anual de aproximadamente US$ 10 bilhões
Lucros estimados superiores a US$ 1,5 bilhão por ano
Conclusão: As 5 Regras de Ouro do Modelo Red Bull
- Crie o seu próprio mercado, mesmo que ele ainda não exista.
- Use polêmicas e barreiras a seu favor.
- Invista pesado na construção de marca, mesmo que custe caro no início.
- Vá até o seu público antes de tentar vender algo.
- Seja o dono da sua narrativa: crie seus próprios palcos, seus próprios heróis e suas próprias histórias.
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