
A escalada do conflito no Oriente Médio — agora com os Estados Unidos atacando instalações nucleares do Irã — elevou as tensões geopolíticas no mundo e trouxe um alerta para a economia global, incluindo o Brasil. A possibilidade de uma guerra direta entre Irã e Israel aumentou os riscos nos mercados, principalmente no setor de energia.
Mas o que isso tem a ver com a sua vida? Mais do que você imagina.
O petróleo no centro da crise
Segundo análise do JPMorgan, a crise no Oriente Médio pode causar altas relevantes no preço do petróleo, que já está 17% acima da média esperada. E se essa alta continuar, o impacto será sentido diretamente nos postos de gasolina, nas contas públicas e na inflação.
Em um cenário mais extremo — como o fechamento do Estreito de Ormuz, rota responsável por 20% do petróleo do mundo — o impacto pode ser muito mais severo, com moedas desvalorizadas, inflação global e fuga de capitais de países emergentes.
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Impactos no Brasil: um jogo de dois lados
O petróleo mais caro afeta o Brasil de formas diferentes — algumas boas, outras nem tanto:
Lado Positivo:
- Mais arrecadação para o governo:
O Brasil é exportador de petróleo. Com o preço do barril em alta, entram mais dólares no país e o governo lucra com royalties e impostos.- A cada 10% de alta no petróleo, o PIB cresce 0,1% e o resultado fiscal melhora 0,2%, segundo o JPMorgan.
- Melhora na conta corrente:
Exportações de petróleo valorizado ajudam no equilíbrio das contas externas.
Lado Negativo:
- Inflação sobe:
Gasolina, diesel e etanol pesam no bolso do consumidor. A cada 10% de aumento no preço do petróleo, o IPCA pode subir 0,2 ponto percentual. - Perda de renda real:
Com combustível mais caro, o transporte e o custo de vida aumentam. Isso afeta diretamente a população, principalmente os mais pobres.
Petrobras pode mudar de rumo?
A Petrobras (PETR4) havia reduzido recentemente o preço do diesel, o que ajudou a aliviar a inflação. Mas, com a nova tensão no Oriente Médio, esse alívio pode durar pouco.
Se o petróleo internacional continuar subindo, a Petrobras poderá ser pressionada a reajustar os preços novamente, o que tem reflexo direto no transporte de cargas, alimentos e nos custos em geral da economia.
O que dizem os especialistas?
JPMorgan:
“O choque atual ainda é moderado, mas uma escalada maior pode gerar fuga de capitais e inflação.”
Caio Megale (XP Investimentos):
“O risco no curto prazo é inflacionário. O petróleo tem peso forte nos índices de preços.”
E a Selic nisso tudo?
Com a Selic em 15% ao ano, o Banco Central está tentando conter a inflação. Mas se o petróleo pressionar ainda mais os preços, o BC pode segurar ou até voltar a subir os juros, o que afeta o crédito, os investimentos e o crescimento econômico.
Conclusão: um olho no barril, outro no bolso
Apesar da distância geográfica, o Brasil sente os efeitos do conflito no Oriente Médio. O barril de petróleo virou um termômetro da tensão e também um gatilho para a inflação por aqui.
Enquanto os mercados reagem, a dica é ficar de olho nos preços dos combustíveis, nas decisões da Petrobras e no comportamento da inflação nos próximos meses.
Fonte: Infomoney