(Foto: Correio Braziliense | Reprodção)
Enquanto boa parte do mercado discute se estamos ou não vivendo uma “bolha da IA”, o governo brasileiro decidiu não ficar apenas olhando o gráfico subir: resolveu investir pesado.
De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (04), BNDES e Finep já aprovaram R$ 5,4 bilhões em projetos ligados à inteligência artificial desde 2023, reforçando o plano de colocar o Brasil na disputa pela economia digital do futuro.
“Investir em inteligência artificial é preparar o Brasil para o futuro. Essa tecnologia tem o poder de aumentar a produtividade, impulsionar a inovação e fortalecer a soberania tecnológica do país”, afirmou Aloizio Mercadante, presidente do BNDES.
A aposta bilionária
Dos R$ 5,4 bilhões aprovados, R$ 3 bilhões vieram da Finep e R$ 2,4 bilhões do BNDES — sendo R$ 1,46 bilhão em crédito direto e R$ 947 milhões via fundos de investimento da BNDESPAR, o braço de participações do banco.
Os projetos financiados vão desde empresas integradoras de IA (que conectam tecnologias a clientes finais) até fabricantes de chips e supercomputadores, além de infraestrutura de cloud computing e data centers.
Na prática, o dinheiro vai para quem ajuda a transformar algoritmos em resultados reais — e, de preferência, lucrativos.
As aplicações são amplas: desde gestão de frotas, monitoramento de recursos hídricos e prevenção de incêndios florestais, até uso clínico de IA na saúde, como gestão de dados hospitalares e terapias digitais para insônia (sim, até a sua falta de sono pode ser tratada por uma IA agora).
Finep e BNDES: uma dupla de papéis diferentes (mas complementares)
A Finep tem focado nos estágios iniciais da inovação — aquele momento em que a ideia ainda está saindo do laboratório e precisa de capital para virar produto.
O BNDES, por sua vez, entra mais pesado na expansão e consolidação das empresas, garantindo que as boas ideias consigam escalar.
Mas o banco também vem acelerando startups por meio do BNDES Garagem, programa que deve apoiar até 400 startups até 2028.
Das 100 já selecionadas, 49 usam inteligência artificial em seus modelos de negócio — e 25 são deeptechs, ou seja, empresas que realmente vivem e respiram IA em suas soluções.
IA como política industrial
Para o governo, a IA não é apenas uma tendência, mas um pilar da Nova Indústria Brasil e do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA).
A ideia é criar um ecossistema que envolva infraestrutura, capacitação profissional e governança, com foco em inclusão e soberania tecnológica.
“Estamos construindo as bases para uma transformação profunda — que vai da infraestrutura à melhoria dos serviços públicos”, afirmou Luiz Antonio Elias, presidente da Finep.
Entre bolhas e bases sólidas
Se é ou não uma bolha, só o tempo vai dizer. Mas uma coisa é certa: o Brasil está, pela primeira vez em muito tempo, tentando surfar a onda tecnológica enquanto ela ainda está subindo — e não quando ela já virou tsunami nos EUA.
E se IA realmente for “a nova eletricidade”, como dizem alguns analistas, melhor estar na tomada do que apagado no escuro.
Fonte: Startups
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