A situação dos Correios anda longe de estar “sob controle”. A empresa estatal apresentou ao TCU (Tribunal de Contas da União) um plano de reestruturação que inclui um pedido de empréstimo de R$ 20 bilhões — o maior crédito solicitado por uma estatal brasileira nos últimos 15 anos. O objetivo: tentar colocar a casa em ordem e reverter os prejuízos bilionários que vêm se acumulando desde 2022.
Tesouro entra como avalista — mas com condições
O financiamento seria obtido junto a bancos públicos e privados, com garantia do Tesouro Nacional. Mas o aval do governo só será concedido se a estatal cumprir uma série de exigências para sanear a gestão e melhorar a eficiência da empresa.
O presidente dos Correios, Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu o comando em setembro, apresentou o plano pessoalmente ao TCU. Como o tema integra a chamada “Lista de Alto Risco” da corte de contas, o caso está recebendo acompanhamento prioritário — afinal, estamos falando de uma estatal estratégica e de bilhões de reais de dinheiro público.
Segundo o TCU, as unidades técnicas do tribunal vão monitorar de perto cada etapa da operação e o envolvimento do governo e dos bancos no processo. “O objetivo é garantir que tudo seja feito dentro da lei e que o dinheiro seja usado com transparência e eficiência”, informou o tribunal em nota.
Prejuízo bilionário e plano de contenção
A situação financeira dos Correios é crítica: só nos dois primeiros trimestres de 2025, a empresa amargou um prejuízo de R$ 4,37 bilhões. E, embora os problemas já viessem se arrastando há anos, o rombo aumentou na atual administração.
Além do empréstimo bilionário, o plano de reestruturação também prevê:
- Um novo PDV (Programa de Desligamento Voluntário), para reduzir custos com pessoal;
- Venda de imóveis ociosos, que hoje geram despesas de manutenção;
- E possíveis mudanças operacionais e tecnológicas para tornar a estatal mais competitiva.
O maior crédito em 15 anos
De acordo com dados da Secretaria do Tesouro Nacional, entre 2010 e 2025 o governo federal atuou como avalista em 767 empréstimos internos para Estados, municípios e estatais — além de 407 operações externas com instituições estrangeiras.
Mas nenhuma dessas operações chegou perto da cifra atual: R$ 20 bilhões. Se aprovado, o crédito dos Correios será o maior desde 2010.
O desafio agora
Com o avanço da digitalização e o declínio dos serviços postais tradicionais, o grande desafio dos Correios será provar que ainda há espaço para uma empresa pública lucrativa no setor logístico.
Se o plano der certo, o empréstimo pode ser a injeção de fôlego que faltava. Mas se falhar… será mais um capítulo de uma novela bilionária que o brasileiro conhece bem.
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Fonte: CNN Brasil


