A cada mês, fica mais evidente que a inteligência artificial deixou de ser uma tendência para se tornar o epicentro da nova corrida tecnológica. Em novembro, startups que têm IA como peça-chave de seus produtos ou processos abocanharam US$ 141 milhões em aportes na América Latina, o que representa 54% de todo o capital investido na região — um movimento que revela prioridade clara dos investidores.
No total, as startups latino-americanas receberam US$ 261 milhões distribuídos em 38 rodadas, segundo dados do Sling Hub. O número é um dos mais baixos do ano, refletindo um mercado mais seletivo e exigente. Mesmo assim, enquanto a maioria dos setores recuou, a IA seguiu firme, atraindo mais da metade de todos os recursos disponíveis.
IA-Enabled x IA-First: quem levou mais dinheiro
Do total de rodadas dedicadas à inteligência artificial:
- 11 foram para empresas consideradas AI-Enabled, ou seja, negócios tradicionais que usam IA para otimizar processos e entregar produtos mais eficientes.
- 7 foram para companhias AI-First, nascidas com IA no centro da operação.
A distribuição diz muito sobre o momento do mercado: investidores estão priorizando modelos mais maduros, com operação validada. As AI-Enabled ficaram com 82% do volume investido em IA, justamente por entregarem resultados mais previsíveis e risco reduzido.
Venture capital mais cauteloso e seletivo
A fotografia de novembro confirma o novo comportamento do mercado:
- A mediana das rodadas ficou em US$ 2,1 milhões,
- O número de deals caiu 40% em relação a outubro,
- E o volume total investido recuou 84% mês contra mês.
Estamos diante de um venture capital mais cirúrgico, buscando eficiência e menor risco. Nesse cenário, startups que conseguem provar geração real de valor por meio de IA acabam se destacando e atraindo capital mesmo em ambiente restrito.
Brasil segue dominante no ecossistema
O Brasil manteve seu papel de protagonista absoluto.
- O país concentrou 81% de todo o capital investido, somando US$ 212 milhões,
- E ficou com a metade das rodadas realizadas na região (19 deals).
- A mediana brasileira, de US$ 3,5 milhões, supera com folga a média latino-americana.
O dado mostra que, apesar das condições globais adversas, o país segue como o principal polo de inovação e capital da América Latina.
Um mercado com novas formas de financiamento
A composição do capital investido chama atenção:
- 52% do dinheiro veio através de equity,
- 44% foi captado via FIDC,
- Apenas 4% correspondeu a operações de dívida tradicional.
A fatia elevada de FIDC indica que estruturas alternativas de crédito estão ganhando força, especialmente entre fintechs e logtechs, setores que continuam liderando em volume de investimento.
As maiores rodadas do mês
- Credix (Brasil) – FIDC de US$ 87,4 milhões, sendo o maior aporte do mês.
- MotoristaPX (Brasil) – Série B de US$ 46,5 milhões, consolidando o setor de logística inteligente como um dos mais fortes do país.
- The Mobile-First Company (Argentina) – Aporte de US$ 12 milhões, reforçando o avanço das deeptechs na região.
- LoQueNecesito (Colômbia) – Rodada de dívida de US$ 10,5 milhões.
- BHub (Brasil) – Série A de US$ 10 milhões, ampliando sua atuação em soluções financeiras e administrativas para empresas.
Fonte: Startups


