A OpenAI ainda nem abriu capital na bolsa, mas já conseguiu deixar Wall Street com a pulga atrás da orelha. Mesmo com o sucesso absurdo do ChatGPT, a empresa continua no vermelho — e isso está deixando investidores desconfortáveis desde o meio de 2025.
O papo de “bolha de IA” não morreu, nem mesmo depois da Nvidia anunciar mais um trimestre insano de lucros. A dúvida continua sendo a mesma: como a OpenAI pretende sustentar o apetite infinito do ChatGPT por computação… sem falir no processo?
Quando questionaram Sam Altman sobre isso em um podcast, ele resumiu a situação em uma palavra: “Chega.”
(Climão? Climão.)
A conta não fecha — e talvez nem feche até 2030
O HSBC fez um relatório daqueles que fazem CFO perder o sono. Eles afirmam que, mesmo considerando a IA um “megaciclo” e prevendo liderança de receita da OpenAI, a empresa provavelmente NÃO será lucrativa até 2030.
E olha que, até lá, eles estimam que o ChatGPT pode alcançar 44% da população adulta mundial, muito acima dos 10% de 2025. Ou seja: mesmo já sendo o maior fenômeno da tecnologia recente, a empresa seguiria devendo.
Mas o problema real é outro: computação.
Precisamos de energia pra IA. Muita energia. Tipo… um estado inteiro.
Segundo o HSBC, para alcançar seus planos até o fim da década, a OpenAI vai precisar de pelo menos US$ 207 bilhões em capacidade computacional extra.
Isso porque agora a empresa está mirando 36 gigawatts de poder computacional.
Pra ter uma ideia:
– 1 GW abastece 750 mil casas
– 36 GW abastecem um estado menor que o Texas, mas maior que a Flórida
A IA literalmente virou uma devoradora de energia.
E tem mais:
– Só de aluguel de data center, a OpenAI deve gastar US$ 620 bilhões
– Os custos totais de nuvem e IA entre 2025 e 2030 devem somar US$ 792 bilhões
– Compromissos até 2033 já chegam em US$ 1,4 trilhão
Como disse o blog Alphaville, do Financial Times:
“A OpenAI é um buraco sem fundo de dinheiro com um site por cima.”
Sutil.
E as receitas? Crescem… mas ainda não compensam
O HSBC projeta que a OpenAI pode ultrapassar US$ 213 bilhões de receita em 2030.
É impressionante, mas ainda insuficiente para cobrir a conta monstra da infraestrutura.
Mesmo com:
- mais assinantes pagos
- mais uso corporativo
- pegando fatia do mercado de anúncios
- e modelos mais eficientes
…a empresa ainda precisaria levantar capital depois de 2030.
Ou seja: o dinheiro está entrando, mas saindo MUITO mais rápido.
Opções na mesa (todas difíceis)
O HSBC listou caminhos:
1. Dobrar (ou mais) o número de assinantes pagos
Se 20% dos usuários forem pagos, isso adicionaria US$ 194 bilhões em receita.
2. Pegar parte do mercado de ads
Imagine um ChatGPT que exibe anúncios.
(Se isso rolar, muita gente vai chorar.)
3. Cortar custos de computação com eficiência surreal
Tipo “reinventar o hardware inteiro”.
4. Levantar mais dívida
Mas… esse é o caminho mais difícil: Oracle, Meta e outras gigantes já pegaram empréstimos gigantes para investir em IA e isso acendeu alertas no mercado.
E o mercado? Está nervoso.
Os swaps de crédito (seguro contra calote) da Oracle dispararam.
Lisa Shalett, do Morgan Stanley, já tinha avisado: “o mercado está desconfortável”.
Hipercalculadoras como Microsoft, Amazon e Nvidia estão com tudo investido nisso — e dependem diretamente do sucesso ou fracasso da OpenAI.
É um jogo de cadeias interligadas:
se a OpenAI tropeça, todo o ecossistema treme junto.
E tem outro problema: a promessa de produtividade… ainda não chegou
O HSBC relembra a famosa frase do Nobel Robert Solow:
“A era do computador está em todo lugar, exceto nas estatísticas de produtividade.”
Ou seja: todo mundo fala da revolução, mas os números continuam tímidos.
Até Jason Furman, de Harvard, mostrou que sem data centers, o PIB dos EUA teria crescido só 0,1% no 1º semestre de 2025.
Estamos vivendo uma revolução tecnológica que ainda não virou revolução econômica.
A grande pergunta: quanto tempo o mercado vai bancar o sonho?
A OpenAI está essencialmente perguntando ao mundo:
Até onde a gente consegue ir alimentando esse dragão de custos, apostando em um retorno que ainda não chegou?
A IA promete mudar tudo.
Mas, por enquanto, quem realmente está mudando é a conta de luz — e os limites do cartão de crédito corporativo da OpenAI.
Fonte: Infomoney


