O conglomerado japonês SoftBank vendeu toda a sua participação na Nvidia, arrecadando US$ 5,83 bilhões. O objetivo? Levantar caixa para investir pesado em novos projetos de inteligência artificial (IA) — mesmo em um momento em que muitos analistas ainda questionam se o setor vive uma bolha.
A venda marca mais um passo da visão ambiciosa do fundador Masayoshi Son, que quer transformar o SoftBank em um dos pilares da infraestrutura global de IA, apostando em áreas que vão desde data centers até robótica.
Por que o SoftBank vendeu suas ações da Nvidia?
Durante uma teleconferência com investidores, o diretor financeiro Yoshimitsu Goto explicou que a decisão não teve relação com a performance da Nvidia — que, aliás, segue sendo uma das empresas mais valiosas do planeta.
“Vendemos a Nvidia para utilizar o capital em nosso financiamento”, afirmou Goto, evitando cravar se o setor de IA vive uma bolha.
O SoftBank já havia vendido sua fatia na empresa em 2019, antes da explosão do ChatGPT, mas recomprou parte das ações mais tarde. Agora, com o salto de mais de US$ 2 trilhões no valor de mercado da Nvidia, a venda rendeu um lucro bilionário para o grupo.
O plano de Masayoshi Son: IA em tudo
O bilionário japonês vem apostando alto na revolução da inteligência artificial. Seus novos projetos incluem:
- Data centers Stargate, com foco em treinamento de modelos avançados de IA.
- Fábricas de robôs inteligentes nos Estados Unidos.
- Um polo de manufatura de IA de US$ 1 trilhão no Arizona, em parceria com executivos da TSMC e conglomerados sul-coreanos.
Além disso, o SoftBank mantém participações estratégicas em gigantes do setor, como OpenAI, ByteDance (dona do TikTok) e Perplexity AI.
Lucros recordes e novos investimentos
O SoftBank registrou lucro líquido de ¥2,5 trilhões (US$ 16,2 bilhões) no segundo trimestre fiscal — o melhor resultado desde 2020 e muito acima das previsões dos analistas.
Um dos principais impulsos veio justamente da valorização da OpenAI, cujo valor de mercado aumentou US$ 14,6 bilhões desde o investimento do grupo japonês.
Agora, o SoftBank planeja:
- Investir US$ 22,5 bilhões adicionais na OpenAI (por meio do Vision Fund 2);
- Comprar a Ampere Computing por US$ 6,5 bilhões;
- Adquirir a divisão de robótica da ABB por US$ 5,4 bilhões.
Son quer liquidez — e poder de fogo
Para manter o ritmo, o grupo aumentou seu empréstimo com garantia de ações da Arm Holdings de US$ 13,5 bilhões para US$ 20 bilhões, além de levantar um empréstimo-ponte de US$ 8,5 bilhões para financiar a OpenAI e a Ampere.
“A venda da Nvidia mostra a liquidez do SoftBank e o foco no seu programa de investimentos em IA”, avaliou o analista Kirk Boodry, da Bloomberg Intelligence.
Com isso, as ações do SoftBank subiram 78% nos últimos três meses, o melhor desempenho trimestral desde 2005.
E agora?
O grupo também anunciou um desdobramento de ações de 4 para 1, válido a partir de 1º de janeiro, para atrair mais investidores de varejo no Japão.
Mas o verdadeiro desafio será equilibrar o financiamento de tantos projetos bilionários — e garantir que o hype da inteligência artificial realmente se converta em lucros sustentáveis.
“Comprar SoftBank era uma forma barata de entrar no setor de IA. Essa tese se confirmou — mas agora o desconto desapareceu”, disse a Finimize Research em relatório.
Em outras palavras: o SoftBank ganhou muito com a febre da IA. A dúvida agora é se Masayoshi Son vai conseguir transformar essa febre em um império tecnológico duradouro.
Fonte: Infomoney
Leia mais: Crise do metanol derruba em 31% o consumo de bebidas destiladas em São Paulo


