ECONOMIA

Quem vai pagar a conta da fraude do INSS?

Cerca de 473 mil aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contestaram, até o dia 14 de maio, descontos associativos indevidos realizados em seus benefícios nos últimos anos. O escândalo, que envolve aproximadamente R$ 5,9 bilhões desviados entre 2019 e 2024, motivou o governo federal a iniciar um processo de ressarcimento parcial já neste mês de maio — mas a devolução completa ainda esbarra em desafios operacionais e orçamentários.

📌 O que aconteceu?

Durante investigações, o governo identificou cobranças irregulares de contribuições a associações de aposentados e sindicatos feitas diretamente na folha de pagamento de beneficiários do INSS. Milhares de aposentados, muitos deles sem sequer ter autorizado a cobrança, vinham tendo valores descontados mensalmente de suas aposentadorias.

Como resposta, o governo federal iniciou uma operação de devolução dos valores cobrados indevidamente. O primeiro reembolso, que ocorrerá entre 26 de maio e 6 de junho, totalizará R$ 292 milhões.

🧾 De onde virá o dinheiro?

A devolução desses valores será inicialmente bancada com recursos da própria Previdência Social, o que tem causado apreensão técnica na equipe econômica. Isso porque o pagamento dos benefícios de maio já havia sido processado antes da ordem de ressarcimento — o que obrigou o governo a recorrer ao orçamento da Previdência.

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🔍 Problemas para devolver o restante

  • Ainda não se sabe com precisão o valor que deverá ser devolvido a cada beneficiário;
  • O governo precisa identificar cada cobrança irregular individualmente;
  • O processo depende de conferência de dados bancários, autorizações e contratos de filiação com as entidades investigadas;
  • A equipe econômica teme o impacto sobre o orçamento do INSS, que já enfrenta pressões.

🧰 Possíveis soluções em estudo

1. Uso de recursos bloqueados das associações

A Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiu bloquear mais de R$ 2 bilhões de contas de entidades suspeitas de envolvimento nas cobranças indevidas. Esses recursos podem ser utilizados para ressarcir os aposentados diretamente.

2. Ajustes dentro do orçamento atual

O Ministério da Previdência recebeu R$ 2,36 bilhões para despesas discricionárias em 2024, dentro de um orçamento total de R$ 972 bilhões. Ainda há margem fiscal de R$ 128,4 bilhões (até maio) e R$ 69,5 bilhões (até novembro) para reforçar o caixa sem a necessidade de um crédito extraordinário.

🧓 Quem será reembolsado

  • Aposentados e pensionistas que sofreram descontos não autorizados em seus benefícios;
  • Beneficiários que formalizaram a contestação junto ao INSS até o momento;
  • Aqueles cujos dados forem validados nas auditorias em andamento realizadas pela Previdência.

⚖️ O que acontece com as associações?

As entidades que realizaram os descontos estão sendo investigadas, e os valores bloqueados podem ser usados tanto para devolução quanto para indenizações e processos civis ou penais.

A iniciativa abre um precedente importante para a responsabilização de entidades privadas que agem de forma abusiva contra aposentados — um público frequentemente vulnerável.

📢 O que o cidadão pode fazer?

  • Consultar extratos no site ou app “Meu INSS”;
  • Verificar se há descontos associativos que não foram autorizados;
  • Solicitar contestação desses valores diretamente pela plataforma ou presencialmente nas agências;
  • Acompanhar comunicados oficiais sobre reembolsos futuros.

Conclusão

O escândalo das cobranças associativas irregulares no INSS mostra como falhas na fiscalização e má-fé de entidades privadas podem causar prejuízos bilionários a aposentados. A devolução, ainda parcial, representa um passo na direção da justiça, mas o governo precisa vencer desafios técnicos e fiscais para garantir que todo o dinheiro retorne aos beneficiários.

O caso também reforça a necessidade de transparência e digitalização das autorizações de desconto, protegendo aposentados contra abusos semelhantes no futuro.

Fonte: CNN Brasil

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