Taiwan rejeita proposta dos EUA de dividir produção de chips em meio a disputa tarifária

A principal representante comercial de Taiwan rejeitou nesta quarta-feira (1°) a possibilidade de que a ilha transfira parte significativa de sua produção de semicondutores para os Estados Unidos. A declaração acontece em meio às tensões comerciais e tarifárias entre Washington e Taipé, que envolvem diretamente o setor mais estratégico da economia global.

Taiwan descarta divisão de produção

A vice-primeira-ministra taiwanesa, Cheng Li-Chiun, afirmou em comunicado que sua equipe de negociadores “não se comprometeu nem se comprometerá a dividir a produção de semicondutores em 50-50 com os EUA”. A fala foi uma resposta direta à recente entrevista do secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, publicada pela NewsNation, em que ele afirmou ter proposto que metade da produção de chips da ilha fosse transferida para território americano.

“Nosso objetivo é fortalecer a colaboração e manter a resiliência da cadeia global de suprimentos, não fragmentá-la artificialmente”, disse Cheng, reforçando que Taiwan continuará investindo em sua própria capacidade produtiva.

O lado dos EUA

Do lado americano, Lutnick argumenta que a segurança nacional e a competitividade tecnológica exigem maior independência no setor de chips. “Precisamos fabricar nossos próprios semicondutores. A meta deste governo é garantir que uma fatia significativa da produção mundial seja feita em solo americano”, declarou.

O secretário também defendeu tarifas mais duras sobre importações de chips produzidos no exterior, em especial de Taiwan e Coreia do Sul, para incentivar empresas globais a instalarem fábricas dentro dos EUA.

O peso da TSMC no impasse

A TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Co.), maior fabricante de chips por contrato do mundo e responsável por abastecer gigantes como Apple, Nvidia e AMD, está no centro da disputa. A companhia já se comprometeu a investir US$ 165 bilhões em fábricas de semicondutores nos Estados Unidos, um movimento que, segundo autoridades taiwanesas, deve garantir isenção parcial das tarifas propostas pelo governo Trump.

Ainda assim, o governo da ilha reforça que não aceitará limitar sua produção doméstica ou dividir artificialmente a capacidade industrial em função da pressão americana.

Impactos no mercado

As declarações tiveram impacto imediato no mercado financeiro. As ações da TSMC subiram 1,53% na bolsa de Taiwan nesta quarta-feira, chegando a avançar 3,4% durante o pregão, refletindo a confiança dos investidores de que a empresa manterá seu protagonismo no setor, mesmo sob pressão política.

Contexto maior

Atualmente, Taiwan enfrenta uma tarifa de 20% sobre exportações de chips para os EUA, além de outras taxas aplicadas globalmente a semicondutores fabricados fora do território americano. A política tarifária, reforçada pelo ex-presidente Donald Trump e mantida com ajustes pela atual gestão, busca incentivar a produção doméstica, mas gera fricções com parceiros estratégicos.

Especialistas apontam que, embora os EUA queiram atrair parte da produção, a complexidade tecnológica e a escala de Taiwan tornam inviável uma divisão “meio a meio” no curto prazo. O país asiático concentra mais de 60% da capacidade mundial de fabricação de chips avançados, sendo considerado um pilar insubstituível da indústria global.

Fonte: CNN Brasil

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