
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta sexta-feira (10) aumentar as tarifas comerciais contra a China e cancelar uma reunião planejada com o presidente chinês Xi Jinping, reacendendo o temor de uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Trump planejava se reunir com Xi em cerca de três semanas, durante a cúpula da Apec, na Coreia do Sul, mas afirmou nas redes sociais que não vê mais motivo para o encontro. Segundo o republicano, a decisão vem após Pequim expandir seus controles de exportação de terras raras, um movimento que ele classificou como uma tentativa de “manter a economia global refém”.
Mercados em queda e reação imediata de investidores
As declarações de Trump provocaram repercussões imediatas nos mercados financeiros. O índice S&P 500 recuou 2% após a publicação, enquanto investidores migraram para ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) — cujos rendimentos caíram — e o dólar perdeu força diante de uma cesta de moedas estrangeiras.
O clima de incerteza fez crescer o receio de que uma nova rodada de tarifas possa reacender a guerra comercial interrompida temporariamente neste ano. Segundo analistas, o tom agressivo de Trump pode representar um retrocesso nas negociações conduzidas pelo Departamento do Tesouro e pelo Representante de Comércio dos EUA, que vinham tentando estabilizar as relações com Pequim.
“Serei forçado a contra-atacar financeiramente”
Em sua postagem na Truth Social, Trump acusou a China de enviar cartas a outros países alertando sobre possíveis restrições de exportação de elementos essenciais para a indústria global.
“Dependendo do que a China disser sobre a ‘ordem’ hostil que eles acabaram de emitir, serei forçado, como presidente dos Estados Unidos da América, a contra-atacar financeiramente sua ação”, escreveu.
“Para cada elemento que eles conseguiram monopolizar, nós temos dois”, completou.
A Casa Branca e a embaixada chinesa em Washington não responderam de imediato aos pedidos de comentário. Fontes próximas à administração afirmam que nenhuma reunião oficial entre Trump e Xi estava confirmada publicamente por Pequim.
China amplia controle sobre terras raras e tecnologia
Na quinta-feira (9), o governo chinês anunciou novas medidas de controle sobre exportações de terras raras, incluindo cinco novos elementos e regras mais rígidas para usuários de semicondutores e empresas estrangeiras que utilizem materiais produzidos na China.
As terras raras são 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de veículos elétricos, motores de aeronaves, chips e radares militares — e a China é responsável por mais de 90% da produção global processada.
Com as novas restrições, produtores estrangeiros que utilizem matérias-primas chinesas deverão cumprir as normas locais de exportação e refino. A medida foi vista por analistas como uma resposta estratégica às sanções tecnológicas dos EUA.
Risco de uma nova guerra comercial
Especialistas apontam que o embate sobre terras raras e semicondutores pode marcar o início de uma nova fase da guerra comercial. Desde 2018, EUA e China travam uma disputa por hegemonia tecnológica e industrial, envolvendo tarifas bilionárias, sanções e restrições a empresas dos dois países.
Caso Trump siga adiante com o aumento de tarifas, o impacto poderá atingir cadeias de suprimento globais, pressionar empresas americanas dependentes de insumos chineses e ampliar a volatilidade nos mercados emergentes.
“O que vemos é o retorno da incerteza”, afirma um analista ouvido pela Reuters. “Cada tweet de Trump tem potencial de mover trilhões de dólares e reconfigurar a política comercial mundial.”
O que vem a seguir
Com a reunião entre Trump e Xi agora sob incerteza, diplomatas esperam semanas de tensão e especulação. Enquanto isso, investidores observam de perto qualquer sinal de retomada do diálogo entre Washington e Pequim.
Fonte: CNN Brasil
 
				